“Controlar e melhorar a lubrificação na planta
significa ter um impacto positivo na conta de resultados”
A lubrificação é um dos aspetos mais vitais da manutenção industrial para conseguir um funcionamento eficiente da maquinaria. Trata-se de um campo com um grande potencial para a poupança de custos, o incremento da vida útil e uma produção mais eficaz. Não obstante, diversas razões têm relegado a correta manutenção da lubrificação na maior parte das empresas.
Como exemplo um par de dados: 92% das plantas têm falta de procedimentos adequados de lubrificação e 74% das plantas não utilizam a análise de lubrificante como ferramenta de monitorização.
A lubrificação
Por definição, a lubrificação é o processo ou técnica empregue para reduzir o atrito entre duas superfícies sob ónus que se encontram muito próximas e em movimento, mediante a aplicação de um filme denominado lubrificante.
Desde o seu nascimento, a gestão da lubrificação converteu-se num aspeto essencial no campo da manutenção, uma importância que não tem deixado de aumentar dado o seu recente desenvolvimento. Esta progressiva sofisticação dos lubrificantes tem convertido estes produtos em compostos extraordinários, capazes de separar componentes móveis sob grandes ónus apesar de estarem submetidos a velocidades elevadas, temperaturas extremas ou ambientes com muita humidade.
Apesar do conhecimento universal dentro da indústria de que a lubrificação é essencial para um correto funcionamento, a atenção que se lhe outorga não costuma ser suficiente. Por causa deste deficit, as condições de trabalho da grande maioria dos meios industriais levam a que as propriedades físico-químicas dos lubrificantes atuais não sejam de todo aproveitadas, pelo que o benefício que estes são capazes de trazer, muitas vezes, é mínimo.
Isto deve-se a que, embora os lubrificantes tenham evoluído favoravelmente, a gestão da lubrificação tem ficado parada durante o processo, estancando num tipo de manutenção conformista, tradicional e antigo.
Segundo os dados obtidos pela IK4-TEKNIKER durante os últimos 4 anos, 80% dos ambientes dedicados à transferência de lubrificantes nas empresas não são aptos para esse trabalho e 64% dos lubrificantes novos estão acima dos limites de limpeza recomendados.
Tendo em conta esta realidade do setor industrial, o desafio é transformar de maneira sistémica o habitual processo de lubrificação, antiquado, num sistema inovador, melhorado e atual que traga todos os benefícios pelos quais o lubrificante foi desenhado.
Dentro do típico orçamento de manutenção, apenas cerca de 5% costuma estar destinado a lubrificantes e algo menos de 0,01% a material auxiliar de lubrificação. No entanto, cerca de 70% das falhas mecânicas têm origem em problemas de lubrificação, que podem ser provocadas por motivos variados. Entre eles, a má seleção do lubrificante, um armazenamento inadequado, contaminação com pó ou água, contaminação com outros agentes nocivos ou outros lubrificantes, falta de procedimentos de lubrificação, um material inadequado de transferência ou a falta de uma manutenção preditiva e proativa.
Mais prioridade
Destinar algo mais ao orçamento de lubrificação pode produzir melhorias consideráveis e, ao mesmo tempo, reduzir os problemas derivados da lubrificação.
A mudança necessária para atingir uma lubrificação adequada plasma-se num novo conceito, resumido no programa LPD, denominado assim pela sua sigla em inglês Lubrication Program Development. Este sistema aponta para a maximização dos benefícios das propriedades dos lubrificantes mediante a implementação de boas práticas e excelência em lubrificação.
O sistema LPD contempla o processo de lubrificação como uma sequência de etapas nas quais intervêm pessoas, procedimentos e material auxiliar de lubrificação de maneira coordenada, com o foco posto em atingir o objetivo principal: trazer valor agregado à manutenção e maximizar o regresso do investimento dos ativos.
Os objetivos do programa são atingidos através do trabalho e melhorias nas seguintes áreas:
- Formação do pessoal envolvido na corrente de lubrificação
- Melhoria das tarefas relacionadas com o armazenamento, manipulação e controlo da contaminação
- Desenho de procedimentos de lubrificação e extração de amostra adequados
- Análise de lubrificante, controlo, rastreio e ações corretivas
- Gestão, controlo e indicadores de lubrificação
Os benefícios
Para ter um ponto de partida claro, inicialmente determinam-se as condições de lubrificação e com base nestas desenha-se um programa de engenharia de lubrificação orientado a maximizar a confiabilidade e disponibilidade dos ativos mediante uma lubrificação adequada.
A curto prazo, os benefícios do programa evidenciam-se nos armazéns de lubrificantes, na sala dedicada à transferência de bidões para embalagem menores, na integração com o sistema de gestão de manutenção e na vida útil dos lubrificantes.
No entanto, a médio prazo a evidência mais clara das melhorias na gestão da lubrificação é o regresso do investimento realizado, já que em muitos casos este é recuperado no segundo ano e a partir deste traduz-se em benefícios gerados.
A rentabilidade do investimento traduz-se na redução das paragens não programadas, na racionalização da quantidade de lubrificantes, na extensão da vida útil de componentes lubrificados e lubrificante e na maximização das horas por trabalhador. Tal como na redução do consumo de lubrificante, um menor armazenamento de partes e peças, uma redução do consumo energético e um aumento na confiabilidade e disponibilidade da maquinaria.
Trabalhar na consciencialização do pessoal encarregado da manutenção tende a impulsionar a lubrificação para um âmbito de excelência conseguindo uma mudança que traz benefícios mensuráveis e quantificáveis num curto prazo de tempo.
Jesús Terradillos
Diretor de Serviços Tecnológicos da IK4-TEKNIKER
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